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Nostalgia

Ela decorre do desejo inexprimível de nos reunirmos com algo no universo do qual nos sentimos separados – algo familiar, mas ainda assim ausente. Esse algo é Deus, é claro.

by Stephen Yuille on January 27, 2021

Nostalgia

 

Por Stephen Yuille em 04 de Janeiro de 2021

Traduzido por Paulo Gomes. Texto original: https://www.godforus.org/ramblings/nostalgia/

Alguns sentimentos são difíceis de expressar em palavras. De vez em quando sou acometido de uma súbita sensação de familiaridade, que cria um desejo profundo que não posso expressar nem satisfazer. Acontece em frente a uma lareira na época do Natal ou em uma tarde fria de outono, quando o sol se aproxima do fim de sua descida. Ocorre quando vejo céus cinzentos e paisagens áridas, às vezes quando ouço certos tipos de música com determinadas tensões, ou mesmo quando sinto o cheiro de grama recém-cortada em uma noite quente de verão. Também tenho essa mesma sensação quando passo pela casa que morei na minha infância ou me lembro de amigos daquele tempo. Em cada uma dessas situações eu sinto algo familiar ainda faltando.

Em um nível muito mais amplo, todos nós experimentamos o que C. S. Lewis chamou de “nostalgia para toda a vida.” Ela decorre do desejo inexprimível de nos reunirmos com algo no universo do qual nos sentimos separados – algo familiar, mas ainda assim ausente. Esse algo é Deus, é claro. Ele nos criou à Sua imagem, para que possamos encontrar nosso descanso e centro Nele; mas nos separamos Dele, e vivemos isolados Dele desde então. 

No ano de 2012 uma senhora idosa na cidade de Borja, na Espanha, entrou em uma igreja local e notou uma pintura familiar em uma das paredes, Ecce Homo ("Eis o homem!") – uma representação de Cristo enquanto ele era julgado por Pôncio Pilatos (João 19:5). A pintura parecia um pouco desbotada, então a mulher se encarregou de tentar ela mesma realizar uma restauração. O resultado foi desastroso. De acordo com um relatório a respeito do ocorrido, ela transformou a pintura em algo semelhante a um “porco espinho.” Infelizmente, assim somos nós. O pecado nos desfigurou, tornou-nos irreconhecíveis. Como resultado nós perdemos a vida de Deus e a capacidade de desfrutar Dele, sendo essa separação a responsável pela nossa “nostalgia de toda a vida.”

Mas a história não termina aqui. Misericordiosamente, o Filho de Deus “se fez carne” (Jo 1:14). Ele veio para experimentar a vida em um mundo decaído, suportar nossos pecados e vergonha, suportar a maldição de Deus por nós (Gl 3:13). Naquele momento de total escuridão e abandono da cruz, Ele comprou o desfrute de Deus para nós - restauração e reconciliação. Em certa ocasião, Ele declarou: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele” (Mc 10:15). Quando seu filho chama por você no meio da noite, ou busca o seu colo para ser mimado, ou grita por você depois de cair no chão, você percebe o que você está testemunhando? O caminho de entrada no reino!

O que isto significa? Simplesmente isto: reconhecendo nossa pecaminosidade e nossa incapacidade de nos ajudarmos a nós mesmos, clamamos a Deus por misericórdia da mesma forma que uma criança clama por seus pais. Ele ouve nosso clamor e nos acolhe por causa de Jesus. Seu perdão suplanta nossa pecaminosidade, Seu mérito sobrepõe a nossa culpa e a Sua justiça esconde nossa indignidade. Sua “abundante misericórdia” apaga nossa multidão de “transgressões” (Sl 51:1). Este é o caminho para casa.

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